Nas Trilhas do Sertão: escritos de cultura e política nos interiores do Ceará – Volume 2

Sinopse:
Para a maioria das pessoas fora do eixo sul-sudeste, as relações para com a dita História do Brasil teve sempre um caráter de estranhamento, no sentido de representar uma produção textual relacionada sempre a sociedades distantes, que nos livros eram definidas como ações e acontecimentos relacionados ao nacional. Questão que se agrava ainda mais quando nos voltamos para o interior do país. Distante das capitais e do litoral, por muito tempo, falar de uma história brasileira era falar basicamente das estruturas socioeconômicas do Sul e Sudeste. Os demais estados eram relegados à uma espécie de periferia historiográfica. Um estudo que se propunha investigar as características socioculturais
do Ceará, por exemplo, era relegado a alcunha de uma história local, como se esta fosse de fato algo hierarquicamente menor em comparação com o nacional e mundial.
Marginalizada frente a dita história nacional que, diga-se de passagem, amargava a periferia da chamada “História Geral”, como se a condição de periferia do capital se reproduzisse em uma hierarquia historiográfica que nos relegava à condição de irrelevância na determinação da ordem mundial, a disciplina de história reproduzia o discurso de dependência econômica, herdeira direta da política imperialista do século XIX, criando uma imagem/discurso de dependência historiográfica. Como se os acontecimentos dos chamados países emergentes representassem os reflexos das decisões tomadas no centro do grande capital. Em nosso caso, o “sertão” noroeste do Ceará ocupou sempre uma posição de tripla periferia. Este “mundial ou nacional por imposição” acabava soando para os homens e mulheres dos interiores do Ceará como um mito, uma narrativa que abordava uma realidade que não nos pertencia. Arrogando-me aqui autoritariamente do poder de falar em nome de colegas que não me autorizaram para este fim, afirmo que os amigos historiadores do autodenominado Grupo Outra História e demais colaboradores têm, por sua vez, a dupla postura de se colocar tanto contra esta história nativista, bairrista e mitológica, típica das cidades de interior que sempre buscam suas origens de grandeza e pompa, numa clara contradição ao real, e, principalmente, de forma intencional ou não, contra a historiografia nacionalizante. Invertendo a lógica do mundial e nacional, busca-se pensar as categorias partindo do local. Uma prática textual que independe das filiações e aproximações teóricas de cada um dos autores, pois se volta antes para o lugar de onde se pensa a pesquisa.
ISBN: 9788567960050
Organizadores: Antonio Vitorino Farias Filho, Antonio Iramar Miranda Barros
Ano de edição: 2015
Páginas: 208
Formato: 16×23
Encadernação: Brochura
Miolo: Preto e branco